quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Farto de mim


Dia sombrio
Chove lá fora
E eu atravessando um crime à minha porta
Nela reparo que o número 33 está lá
Subo a escadas daquelas frias paredes
Submetendo-me à opaca luz sem chama

De rastos deito tudo na cama
Tal como o meu cadáver
E ouvindo a minha dor
escrevo...

Sentirás a mesma coisa?
És como eu?
Que choro constantemente
Parecendo meu destino sofrer
A ficar sozinho...
A não amar

Amar a vida
Amar-te
Amar aqueles que deveria
Gostar um pouco mais de ti
A castanha e húmida
E às vezes seca e pouco digna
terra?

Pergunte-te aquilo que não sei...
Como posso eu fazer isso se não sei...
Não sei aquilo que sou, para onde vou
ou mesmo o que pergunto
não sei nada!

Eu vejo
Mas não agarro
Parece valer a pena voar
Mas nunca levanto voo
Quando estou menos triste
Até parece fazer sentido
Mas nunca
Nunca se acaba voando

Em ti, nele, naquele, sei lá!
Não sei ...
Não consigo pensar

Serei louco?
Serei uma chaga, uma infecção?

Serei?
Sei que consigo fazer grandes coisas
Mas no fim são apenas coisas...
Uma camuflagem

No final nunca consigo a resposta
Daquilo a que nem sequer sei o que é

A simplicidade da vida é o que a torna dificil
Quem me dera não pensar
Sim! Quem me dera...
Pensar é mau
Quem me dera ser irracional
Quem me dera não ser humano

Aliás...
Quem me dera morrer

A Morte é o meu descanso
Mas a morte é cobardia
Mas ao mesmo tempo tão fácil e acessível
Podia tudo acabar
agora, aqui,
Neste momento

Tudo me enjoa
Tudo me irrita

Mas o q mais me excita
É aquela questão que não sei designar
Mas que tentarei explicar

Haverá mais alguém como eu?
Haverá mais alguém que pense como eu?
Haverá alguém tão estúpido como eu?
Haverá alguém que me aceite?
Vocês pensam nisso?
Não vos incomoda?
Não vos irrita?
Não os faz sofrer?

Bem... Questões e mais questões
e nada de respostas

Sou apenas uma vitima da evolução humana

A questão é se serei a única
Diz-me!
Fala-me disso!
Se pensas ou nao!
Se sim...
Se pensas tanto como eu
Por favor

Estarei doente?
Estarei vivo?
As lágrimas que choro dizem me que sim
Mas quando saio do meu tecto não familiar
Para o mundo lá fora
Tudo parece desmorenar-se
Não encaixo
Não entendo
Não desabafo
Nao vivo
Nao morro
Não amo

Sinto o sol, mas não a luz
No meu fundo só solidão

E esqueço isto e mais um dia mau passa
sem respostas...

Mas quando a lua se ergue
A noite dá-me outro alento
Faz-me pensar
Será essa a resposta
morrer em paz?

Tudo começou aqui
Tudo aqui acabará
Até já Coimbra

Adeus

P.S: Provavelmente o último texto deste blog.
Um fim anúnciado desde sempre, desde a sua criação.
O nascimento de Rasganço estava destinado à ruína, à sua morte.
Se a vida me olhar talvez seja um adeus temporário.
Mas se renascer, tudo terá num novo formato. Este poderá ser um simples até já.
O adeus vai ser anunciado em breve.