domingo, dezembro 03, 2006

Epilepsia


Não é fácil
E breve será
Como longa
É a dor de os receber
E vê-los partir
Para depois voltar

A dor que se sente é extraordinária
A humilhação é fantástica
E a sensação intensa, mas breve.

O meu sistema nervoso central
Demasiado em chama e excitado
Dá-me como recompensa
O olhar da verdade e a sensibilidade
De perceber e poder sentir
A dor que os outros não têm

São flashes de luz que do nada nascem
De um qualquer canto, que depois,
Crescendos dão sinal de alerta

A embriaguez do andar até à segurança
É contrastada com o pânico em redor
E do vazio e fraqueza da minha mente.

Para quem está tão longe é tão difícil entender
Como é doloroso (não é a carne, é a mente).

Mas na luta do transformar o fraco em coisa forte
Monstros e todos os outros meus medos tiram-me o ar do viver
E naquele momento sinto-me uma criança amedrontada
Num qualquer quarto escuro

Nesse momento quero álcool pra comer,
Tempo para sofrer, espaço para respirar,
Muro para espancar, luz pra me ver,
Ferro para trincar e olhar de frente o sol
Até queimar.
Trono para perder, gente para roer
Mundo para puxar, deuses para lutar,
Quarto para gritar…
Dêem-me mais.

E assim vou vivendo,
Pois meus amigos,
Eu não perco sem ganhar.